quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Vendo a vida passar


Vendo a Vida Passar


Vejo a vida passar
Sob o fio escuro que se
Esconde em minhas pálpebras.
O tempo discorre e a vida se encaminha
No corre-corre diário, e dessa forma,
Vai se esvaindo pelos vãos dos dedos
Que acenam para a morte,
Que vem de encontro ao meu olhar destemido,
Que vê a vida em suas engrenagens, ora emperradas,
Ora desembestadas, a girar num ritmo que nos ilude,
Pois quando se pensa que está no início,estamos chegando ao fim.
E o que não me faz esmorecer
É ter a vaga esperança de que este
Pode ser só o começo, e uma ânsia de mergulhar
No invisível do imaginário toma conta de meu ser.

Como o poeta dizia



Como o Poeta Dizia



No lusco-fusco que embriaga as manhas
Sinto ar morno da vida que o vento exala,
Encho os pulmões, me treme a pele o afã
De mirar teus olhos nús da cor de opala,



Aqueço-me na noite, negra manta de lã,
As lágrimas são resquícios da chuva clara,
Saem cristalinas dos olhos de nuvens sãs
Para morrer nos lábios da terra que não cala.



Descubro-me da doce quentura da noite
E sereno, visto a camisa branca do dia,
A língua do homem e afiada como foice



Que decepa os valores que o sábio guia,
O que separa à noite do dia, é um açoite,
Breve e transparente, como o poeta dizia.








Estlhaços da noite


Estilhaços da noite



Caíram sobre mim
Estilhaços da noite;
Da noite onde caminham
Bêbados e prostitutas oxigenadas.
Penetraram-me à alma,
Invadiram meu ser com
Pontadas escuras e instigaram-me
Ao mundano, lascivo...
A voz de Morison que soa dos
Becos labirínticos se perde
No labirinto de meus ouvidos.
Arde-me um fogo no peito,
Queima-me a língua.
Ando sobre paralelepípedos
Desconjuntados,
Juntando estilhaços da noite
Para formar o meu dia
Num simples espelho inquebrável.






hoje




Hoje





Hoje eu quero ver as luz que
Das trevas alumia.
Quero ver no espelho azul do céu
Minha estrela guia.
Quero me vestir das cores do arco-íris
No final de cada dia.
Quero percorrer as ilhas de mim mesmo
E encontrar o tesouro enterrado em meu cerne.
Sou pirata destemido!
Sou explorador de mim... do mundo!
No som de meus gemidos
Falam os segredos de
Amor escondido, lá no fundo!
Ancorei meu navio em minha dor;
O mar revolto tenta arrasta-lo,
Mas a ancora da vontade é mais forte.
Afiarei minha espada e
Desafiarei meu inimigo,
Darei golpe mortal... Implacável!
Sou senhor de mim,
Não mais navio á deriva.
Sou ilha rodeada de todos os mares,
Quero mesmo é encontrar as pérolas do mar!
Quero acalmar a tempestade dentro de mim
E segurar firme no leme da felicidade.
Quero singrar o mar da vida,
E no meu desejo curioso, descobrir o que
A fina linha do horizonte esconde.

Liberdade



Liberdade


Sou nuvem passando
Chuva caindo
Água corrente
Pássaro na ânsia de voar.



Poeta errante
Cachorro sem corrente
Cavaleiro andante
Estrela cadente.



Negligente, ando ao léu
Procuro ser bom amante
Gosto do gosto do mel
Leio a comédia de Dante



Da boa vida não sou réu
Diamante e ouro nunca tive
No dedo não me brilha anel
Mas posso dizer: sou livre!


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Semafórico


Semafórico





Ser...
Serenando e se diluindo em cores:
Passo em verde clorofilado,
Atento ao mundo, presto atenção
No meu olhar amarelado.
Duvído, interrogo... olhos distantes...
Descortinando a linha do horizonte,
Que fulgi o último brilho de meu olhar em espelho
Que no contraste anil do firmamento,
Numa luta de tons, nuances e cores...
Predomina na esclerótica
Ante o passo último,
O tom suculento e amorangado
Do vermelho.

Faz de conta



Faz de Conta



Folha em branco de pele de fada
Vara de condão deitada
Sorrindo no dorso da linha o escrito do nada.