Pântano e Pérola
Tenho um pé no pântano
E outro no brilho da pérola,
Um afunda pelos cantos,
O outro, à vida me revela.
Com lama no peito me espanto;
Ainda não cobriu a rosa da lapela
Que cobre o coração, como manto,
Numa paz assaz calmante de vela.
Assim não me desfaço em vil pranto,
Transformo lama em brusca gamela,
O tempo a transforma nobre cântaro.
Nas escuridões surgem as esparrelas,
E na minha vazia dor, eu me agiganto,
Sabendo o querer, é da vida... a manivela.
quinta-feira, 29 de março de 2012
Palavras
Palavras
Em cada bolha de espuma que estoura, uma palavra;
Na crista de furiosa onda espumante vem aos milhares
Para assim rebentarem na ponta da caneta que as lavra,
Formando dessa forma, firme e forte, da arte os pilares.
Elas se proliferam ao longo dos tempos, como larvas,
Se formam ao calor de minha boca, em bolhas salivares,
Saem úmidas, frescas, e em nossa bela cultura se crava
Para ser o veículo de nossas línguas em céus e mares.
Vem se formando dentro de mim de vogal em vogal,
Eu me calo nesse momento, à espera das consoantes,
E nessa transição, se envolvem na regra gramatical.
Assim ela se transmuta, viaja, varia do grego ao latim,
Para nos cantos desse mundo formar o grito ressoante
Que de A a Z vem longínqua se formar dentro de mim.
Em cada bolha de espuma que estoura, uma palavra;
Na crista de furiosa onda espumante vem aos milhares
Para assim rebentarem na ponta da caneta que as lavra,
Formando dessa forma, firme e forte, da arte os pilares.
Elas se proliferam ao longo dos tempos, como larvas,
Se formam ao calor de minha boca, em bolhas salivares,
Saem úmidas, frescas, e em nossa bela cultura se crava
Para ser o veículo de nossas línguas em céus e mares.
Vem se formando dentro de mim de vogal em vogal,
Eu me calo nesse momento, à espera das consoantes,
E nessa transição, se envolvem na regra gramatical.
Assim ela se transmuta, viaja, varia do grego ao latim,
Para nos cantos desse mundo formar o grito ressoante
Que de A a Z vem longínqua se formar dentro de mim.
Quando se abre mão de um amor
*Quando se abre mão de um amor
*
Vai-se embora fome
Esquece-se o nome
Direito não se come
E uma dor consome
*
Nada de os lábios sorrir
Não se consegue dormir
Fica à espera de algo vir
Com oco no peito a sentir
*
Os olhos lacrimejam
Sonhos não almejam
Os nervos só latejam
Os músculos retesam
*
As noites são compridas
Abri-se no peito a ferida
E a alma fica combalida
Procura-se sentido à vida
*
Não se vê e ouve direito
Os sons são imperfeitos
O ar torna-se rarefeito
Sozinho, agita-se no leito
*
Os dias ensolarados são nebulosos
Os nebulosos, são mais tenebrosos
Sente-se dor que chegar doer ossos
Fica-se na mente momentos fogosos
*
O caminho é um só
A solidão torna-te pó
De si mesmo sente dó
Na goela fica um nó
*
Sente-se na pele o fracasso
Deseja de outrora, amassos!
De uma linha faz-se um laço
Desse laço à morte um passo...
*
Perde-se um pouco do viver
Anseia na angústia amanhecer,
Uma ansiedade difícil de conter
Esperando o rosto amado ver.
*
Vai-se embora fome
Esquece-se o nome
Direito não se come
E uma dor consome
*
Nada de os lábios sorrir
Não se consegue dormir
Fica à espera de algo vir
Com oco no peito a sentir
*
Os olhos lacrimejam
Sonhos não almejam
Os nervos só latejam
Os músculos retesam
*
As noites são compridas
Abri-se no peito a ferida
E a alma fica combalida
Procura-se sentido à vida
*
Não se vê e ouve direito
Os sons são imperfeitos
O ar torna-se rarefeito
Sozinho, agita-se no leito
*
Os dias ensolarados são nebulosos
Os nebulosos, são mais tenebrosos
Sente-se dor que chegar doer ossos
Fica-se na mente momentos fogosos
*
O caminho é um só
A solidão torna-te pó
De si mesmo sente dó
Na goela fica um nó
*
Sente-se na pele o fracasso
Deseja de outrora, amassos!
De uma linha faz-se um laço
Desse laço à morte um passo...
*
Perde-se um pouco do viver
Anseia na angústia amanhecer,
Uma ansiedade difícil de conter
Esperando o rosto amado ver.
Um poeta
Um Poeta
Um poeta tenta falar de tudo um pouco:
Nem sempre consegue, pois nada sabe;
Só sabe de sua dor estagnada no oco,
Bem tenta aos amigos falar de amizade...
Quando pensa que é poeta, descobre que louco
E passa anotar no papel a solidão que o invade
Quando o azul de sua vida vai ficando fosco,
Mas ele vive, no seu silêncio sem causar alarde.
Sente os poros quentes a lhe filtrar o tempo.
No olhar que sai faiscante feito um cometa
Nada sabe, mas tem os olhos sempre atentos
Nas coisas da vida e suas variadas facetas,
De canto de olhos a sondar os movimentos
Percebe a vida num abrir e fechar de gaveta.
Um poeta tenta falar de tudo um pouco:
Nem sempre consegue, pois nada sabe;
Só sabe de sua dor estagnada no oco,
Bem tenta aos amigos falar de amizade...
Quando pensa que é poeta, descobre que louco
E passa anotar no papel a solidão que o invade
Quando o azul de sua vida vai ficando fosco,
Mas ele vive, no seu silêncio sem causar alarde.
Sente os poros quentes a lhe filtrar o tempo.
No olhar que sai faiscante feito um cometa
Nada sabe, mas tem os olhos sempre atentos
Nas coisas da vida e suas variadas facetas,
De canto de olhos a sondar os movimentos
Percebe a vida num abrir e fechar de gaveta.
quarta-feira, 28 de março de 2012
Mata-borrão
MATA-BORRÃO
Nessas simples folhas tentei fabricar versos,
Mas versos não se fabricam, fluem do ser,
Afloram dos lugares recônditos do universo
E desabrocham nos lábios de quem os lê;
Se acaso o que disse for de todo inverso
Estas palavras num sopro hão de perecer
Tal e qual meus olhos um dia fecharão,
Pois a boca do povo é vivaz mata-borrão.
Nessas simples folhas tentei fabricar versos,
Mas versos não se fabricam, fluem do ser,
Afloram dos lugares recônditos do universo
E desabrocham nos lábios de quem os lê;
Se acaso o que disse for de todo inverso
Estas palavras num sopro hão de perecer
Tal e qual meus olhos um dia fecharão,
Pois a boca do povo é vivaz mata-borrão.
Estilhaços
Estilhaços
Vejo minha imagem num espelho quebrado,
Um quadro em pedaços projetando nua face.
À revelia da morte, vivo amor multifacetado.
Meus lábios partidos à procura de um enlace
Procuram por mim mesmo, ainda que calados;
Anseiam pra vomitar da alma todos impasses...
No espelho trincado restam meus fragmentos,
Estilhaços de um olho que observa o tempo
Vejo minha imagem num espelho quebrado,
Um quadro em pedaços projetando nua face.
À revelia da morte, vivo amor multifacetado.
Meus lábios partidos à procura de um enlace
Procuram por mim mesmo, ainda que calados;
Anseiam pra vomitar da alma todos impasses...
No espelho trincado restam meus fragmentos,
Estilhaços de um olho que observa o tempo
Ocioso
Ocioso
Ó espermatozóide ousado e viscoso
Ande com suas firmes-fortes pernas,
Não seja de todo maluco malicioso,
À tona o lume... atitudes fraternas...
Pegue a ferramenta, não seja ocioso,
Ouça atento as sãs palavras paternas;
Ousaste só fecundar a solitária noite
Onde as vozes têm impacto de coice.
Ó espermatozóide ousado e viscoso
Ande com suas firmes-fortes pernas,
Não seja de todo maluco malicioso,
À tona o lume... atitudes fraternas...
Pegue a ferramenta, não seja ocioso,
Ouça atento as sãs palavras paternas;
Ousaste só fecundar a solitária noite
Onde as vozes têm impacto de coice.
Estálo do açoite
Estalo do Açoite
Quando aguço meus ouvidos ao longo do tempo
E penetro infames zonas de um passado distante,
Ouço gritos lancinantes, puro descontentamento;
O cheiro do acre suor nas senzalas impregnados
Foram exalados com os estalos de açoites cruentos,
Discriminação é o tronco onde somos amarrados,
Vê-se que muitos corpos sentem dores dessa íngua,
Pois os chicotes de hoje estalam na ponta da língua.
Quando aguço meus ouvidos ao longo do tempo
E penetro infames zonas de um passado distante,
Ouço gritos lancinantes, puro descontentamento;
O cheiro do acre suor nas senzalas impregnados
Foram exalados com os estalos de açoites cruentos,
Discriminação é o tronco onde somos amarrados,
Vê-se que muitos corpos sentem dores dessa íngua,
Pois os chicotes de hoje estalam na ponta da língua.
Sanguessuga
Sanguessuga
Suga o sereno sangue sossegada sanguessuga.
De batom escarlate na ventosa, beija o mundo;
O tempo é implacável, se mostra com as rugas,
Pra ti não faz diferença amar horas ou segundos,
Refletida no espelho de amar, a imagem refugas
Quando te sente suplantada--- peito buraco fundo!
Vai sanguessuga do vil pecado e libidinoso amor,
Sugar o sangue daqueles que se rendem à sua flor.
Suga o sereno sangue sossegada sanguessuga.
De batom escarlate na ventosa, beija o mundo;
O tempo é implacável, se mostra com as rugas,
Pra ti não faz diferença amar horas ou segundos,
Refletida no espelho de amar, a imagem refugas
Quando te sente suplantada--- peito buraco fundo!
Vai sanguessuga do vil pecado e libidinoso amor,
Sugar o sangue daqueles que se rendem à sua flor.
Vogais Coloridas
Vogais Coloridas
Amo RIMBAUD! ó poeta maldito.
De Verlaine ainda não sou amante.
As vogais coloridas formam gritos.
Poeta dos poetas!de olhar flamante,
De vogais a consoantes, hoje mito!
Teus versos por demais alarmantes,
Tua vida, inumeras folhas de caderno,
Entre iluminuras passaste no inferno.
Amo RIMBAUD! ó poeta maldito.
De Verlaine ainda não sou amante.
As vogais coloridas formam gritos.
Poeta dos poetas!de olhar flamante,
De vogais a consoantes, hoje mito!
Teus versos por demais alarmantes,
Tua vida, inumeras folhas de caderno,
Entre iluminuras passaste no inferno.
terça-feira, 27 de março de 2012
Entardecer
Entardecer
E no entardecer, quando as pálpebras
Do sol se mostram pesadas que sinto
Este vazio solitário e silencioso vir me inquietar.
È no entardecer, quando as horas começam
Dar sinais dum leve cochilar que procuro
Em vão responder minhas indagações.
Este entardecer que cai modorrento,
E faz eu beber o tempo em suaves goles
E me inebria e torna meu olhar distante.
Este entardecer que vem na sombra
Do meu desejo, que vem molengo...
Preguiçoso...
Este entardecer, prelúdio relaxado de noite,
Pedaço de tempo, parte final do dia.
Ah, e neste entardecer que de tão diante
De meus olhos, parece estar muito ao longe.
Sinto as estrelas dentro de mim se
Alvoroçando num querer brilhar de pérola.
Ah, este entardecer que entardece dentro de mim,
E anseia para desabrochar em noite
E findar num belo amanhecer.
E no entardecer, quando as pálpebras
Do sol se mostram pesadas que sinto
Este vazio solitário e silencioso vir me inquietar.
È no entardecer, quando as horas começam
Dar sinais dum leve cochilar que procuro
Em vão responder minhas indagações.
Este entardecer que cai modorrento,
E faz eu beber o tempo em suaves goles
E me inebria e torna meu olhar distante.
Este entardecer que vem na sombra
Do meu desejo, que vem molengo...
Preguiçoso...
Este entardecer, prelúdio relaxado de noite,
Pedaço de tempo, parte final do dia.
Ah, e neste entardecer que de tão diante
De meus olhos, parece estar muito ao longe.
Sinto as estrelas dentro de mim se
Alvoroçando num querer brilhar de pérola.
Ah, este entardecer que entardece dentro de mim,
E anseia para desabrochar em noite
E findar num belo amanhecer.
Comunicação
Quero tua língua
Roçando a minha,
Quero a minha na tua
Falando mesma língua.
Na ânsia do beijo,
A volúpia de viajar
No céu de tua boca,
Onde brilham fulgurantes
Estrelas de desejos.
Quero te dizer:
Te amo em minha língua,
Quero te dizer que minha
Língua te ama.
E no ardor quente da saliva,
Num deslize sensual,
O beijo estala!
O corpo se agita... quase grita!
E minha voz, inebriada no êxtase,
Emudece...cala!
Quero tua língua
Roçando a minha,
Quero a minha na tua
Falando mesma língua.
Na ânsia do beijo,
A volúpia de viajar
No céu de tua boca,
Onde brilham fulgurantes
Estrelas de desejos.
Quero te dizer:
Te amo em minha língua,
Quero te dizer que minha
Língua te ama.
E no ardor quente da saliva,
Num deslize sensual,
O beijo estala!
O corpo se agita... quase grita!
E minha voz, inebriada no êxtase,
Emudece...cala!
Fugacidde
Este tempo é uma faísca!
Se o olho, desatento,
Pisca...
Não se vê os rastros
Que no caminho,
A vida
Rabisca!
Se o olho, desatento,
Pisca...
Não se vê os rastros
Que no caminho,
A vida
Rabisca!
domingo, 25 de março de 2012
" Problematemática do S2"
Tolo coração...
Problematemático se resolvendo no peito,
Entre números e inúmeros desacertos
Vive se calculando numa busca infindável.
Tolo coração...
Que antes eram dois, agora somente um
Buscando incessantemente o seu
Máximo denominador comum.
Tolo coração...
Que na impaciência se eleva ao quadrado
E atinge sua potência!
Tolo coração...
Que se divide,
Que atrai, se distrai, se subtrai...
Na ânsia de um soma.
Tolo coração...
Que complica, se explica,
E tomado de sentimento,
Se multiplica!
Tolo coração...
Que em frenético rítmo
Se perde na confusão dos logarítimos,
E não resolve a questão.
Tolo coração...
Que em constante equação
E simples como uma regra de três,
Deseja outra vez
Uma regra de dois!!
Problematemático se resolvendo no peito,
Entre números e inúmeros desacertos
Vive se calculando numa busca infindável.
Tolo coração...
Que antes eram dois, agora somente um
Buscando incessantemente o seu
Máximo denominador comum.
Tolo coração...
Que na impaciência se eleva ao quadrado
E atinge sua potência!
Tolo coração...
Que se divide,
Que atrai, se distrai, se subtrai...
Na ânsia de um soma.
Tolo coração...
Que complica, se explica,
E tomado de sentimento,
Se multiplica!
Tolo coração...
Que em frenético rítmo
Se perde na confusão dos logarítimos,
E não resolve a questão.
Tolo coração...
Que em constante equação
E simples como uma regra de três,
Deseja outra vez
Uma regra de dois!!
Assinar:
Postagens (Atom)