*Quando se abre mão de um amor
*
Vai-se embora fome
Esquece-se o nome
Direito não se come
E uma dor consome
*
Nada de os lábios sorrir
Não se consegue dormir
Fica à espera de algo vir
Com oco no peito a sentir
*
Os olhos lacrimejam
Sonhos não almejam
Os nervos só latejam
Os músculos retesam
*
As noites são compridas
Abri-se no peito a ferida
E a alma fica combalida
Procura-se sentido à vida
*
Não se vê e ouve direito
Os sons são imperfeitos
O ar torna-se rarefeito
Sozinho, agita-se no leito
*
Os dias ensolarados são nebulosos
Os nebulosos, são mais tenebrosos
Sente-se dor que chegar doer ossos
Fica-se na mente momentos fogosos
*
O caminho é um só
A solidão torna-te pó
De si mesmo sente dó
Na goela fica um nó
*
Sente-se na pele o fracasso
Deseja de outrora, amassos!
De uma linha faz-se um laço
Desse laço à morte um passo...
*
Perde-se um pouco do viver
Anseia na angústia amanhecer,
Uma ansiedade difícil de conter
Esperando o rosto amado ver.
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