domingo, 29 de abril de 2012

Problematemática do S2

"Problematemática do S2”                                            


Tolo coração...
Problematemático se resolvendo no peito,
Entre números e inúmeros desacertos
Vive se calculando numa busca infindável.

Tolo coração...
Que antes eram dois, agora somente um
Buscando incessantemente o seu
Máximo denominador comum.

Tolo coração...
Que na impaciência se eleva ao quadrado
E atinge sua potência!

Tolo coração...
Que se divide,
Que atrai, se distrai, se subtrai...
Na ânsia de um soma.

Tolo coração...
Que complica, se explica,
E tomado de sentimento,
Se multiplica!

Tolo coração...
Que em frenético rítmo
Se perde na confusão dos logarítimos,
E não resolve a questão.

Tolo coração...
Que em constante equação
E simples como uma regra de três,
Deseja outra vez
Uma regra de dois!!





P


P
 
 
Entre partidos indecisos e putaiadas
Cá no meu lugar olho, observo quieto,
É tanto P que ninguém entende nada,
Felizes são sim, as crianças e os fetos;
Vota em promessa a boca fechada!
Nos esgotos do poder vazam dejetos,
Ó Deus! Juntarei aqui todos os P
E de P em P, mando todos a "PQP".

Victória( sobrinha linda!)

VITÓRIA
 
 
 
Chora incessantemente nos finos braços
Poetisa da vida, ainda, de beleza módica,
Em sua face, o belo se define em traços;
Acalma-te, não te aflijas ante as cólicas,
Ainda em seu seio não prendem os laços,
Seu nome não se diz com voz melódica,
Quem conhece derrota anseia por glória,
Quem a conhece sabe que falo de Vitória.

Acordes em Acordo

Acordes em Acordo



Toca música, toca...
Toca dentro de mim!
Toca aqui, toca Lá.
Toca meu coração
E no cerne do sol, sola.

Toca sem Dó
Toca em frente sem Ré
Tocando, sinto Mi
Num abraço de soFá


Fora de mim tudo destoa
Em Si, me completo,
No toque da música que soa
Sinto um afago, um afeto.


Toca msúsica, toca...
Tinge meu peito de azul
Liberta-me numa nota
E penetra-me a pele num blue.


Meu coração é bumbo
Que vibra e arde dentro de mim
Bate acelerado num peso de chumbo
Surdando meus ouvidos ante o fim.


Toca aqui dentro sem eu perceber
Acordes atentos formando harmonia.
Toca sempre, sempre seduzindo meu ser,
Feito findar de uma bela sinfônia.

Toca em partículas que por si ressoa
No aconchego do meu peito.
Acarícia a face plana de mim em lagoa,
Refresca meus poros que descansa no leito.

Serena dentro de mim numa mansidão de garoa
Enchendo os rios de mim, que eu aceito!




quinta-feira, 12 de abril de 2012

Sem Título

Sem Título

Quero minha carta de alforria!
Não quero saber o que será o amanhã,
Quero me despojar do trabalho
E perambular pelos meus sonhos...
Quero sentir em meus ouvidos a voz da poesia
Desfazendo todos os medos...
Quero minha carta de alforria....
Me desfaço dessa sociedade porca na noite
Para horas depois dizer bom dia!!
Quero minha carta de alforria!!
Não quero mais meu trabalho
Nem os baques surdos em direção ao corredor,
Não sou mais escravo de nada!
E que me importa os resultados dos times
Na tarde ensolarada do domingo
Se já vivi tudo no sábado!?
Quero minha carta de alforria!
Exalar meu suor acre
Nas ventas de seu nariz perfumado,
Não quero saber se é doutor ou do senado
Quero mesmo que faça parte do meu passado.
Quero minha carta de alforria,
Por favor assinem embaixo:
E da lama preta que verte
O sangue de vocês,
Não sou mais capacho!
 

Entre trancas e cadeados

Entre Trancas e Cadeados
 
 
Ao abrir os olhos de manhã cedo
E se desfazer de suas trancas e cadeados,
O homem abre suas portas para o medo,
E para rua,o trabalho, vai ressabiado.
 
 
 
 
Sai a andar. Olhos em ambos os lados!
Olhar atentos no ônibus, casas, ruas e arvoredos.
A violência e o perigo já não andam camuflados,
Andam sim é de braços dados, um veneno azedo!
 
Foi o tempo em que os rostos eram tapados
Perambulando do luxo dos shoppings aos guetos,
Rindo seus risos escarnecidos e descarados!
E a liberdade se esvai pelo vão dos dedos.
 

É Fogo!

É fogo!
 
Você é faísca
Eu sou chama!
Você é faísca que a si própria risca
E se arrisca, e nem sequer pisca!
 
Eu sou chama largada na cama
Que por ti chama
Até embaixo da lama.
 
 
Eu e você
Você e eu
 
Frutos da mesma explosão,
Com o mesmo sangue latejando forte.
Batuques surdos... vozes do coração!
Vozes de uma canção de grande porte.
 
Eu e você
Você e eu
 
Bocas se desmanchando em saliva,
Corpos se esvaindo pelos, poros...
Um resvalar de pele e ossos... de vida!
E nossos risos aniquilando os choros.

Colírio

Colírio
 
Nuvem de poeira
Cobre-me a visão,
Enche-me a retina de areia,
A custo vejo o clarão.
 
Que o céu chova
Gotas de colírio
E a poeira remova
Deixando-me nos olhos o brilho.
 
Não um brilho duro,
Mas os de olhos de criança,
Que é o olhar do futuro
E nos chama com voz mansa.

domingo, 8 de abril de 2012

Do rio que corre em ti

Do Rio Que Corre Em Ti
 
Num dia de frio
Em teu seio me escondi,
Aqueceu-me a água do rio
Que corria dentro de ti.
 
 
Seio que pende desnudo,
Que liso, embriagante e túmido
Embalsama meus lábios mudos,
Que se banha em olhos úmidos.
 
 
Num dia quente saí por seus poros,
Por todos os lados eu me exalava,
Sentindo saudade do lugar que moro
Quis voltar rapidamente à morada.
 
 
Ibernar para sempre, e lá me aquecer,
Para no confortante calor do teu peito
Do restante do mundo me esquecer,
E ficar em paz no coração, meu leito.
 

Despedida

Despedida
 
Não fiquem ao meu redor.
Lágrimas, nem pensar!
Não me coloquem gravata
E muito menos camisa de colarinho apertado.
Toquem minha música preferida e
Podem repeti-la se quiserem.
Não bebam água em meu copo.
Já na minha poltrona podem se
Escarrapacharem, se quiserem.
Não me façam a barba, quero
Ter o queixo enegrecido nesse momento.
Que meus amigos se reunam e tomem
Um "porrete"; se ainda os tiver!
Não cortem minha unha encravada,
Durante anos não me incomodou
E não será agora que irá!
Não ousem tocar meu Rimbaud,
Os demais fiquem à vontade, mas
Mudem as páginas com carinho.
Não me apertem os sapatos, se possível
Nem os coloque.
Nada de crisântemos;
Lírios sim!muitos lírios...
Nem pensem em cortar meus cabelos.
Caso alguém não conseguir ver meu sorriso
E porque não olhou direito.
Enganarão-se os que pensarem
Que meus músculos estarão retesados,
Pois estarei dormindo sono tranquilo,
Velado pelos olhos atentos de Drummond
À direita, e Bandeira à esquerda.
Não me vistam paletó de luxo,
Pois para onde vou tudo é muito simples.
Que os livros de minha pequena biblioteca
Engulam voluptuosamente as traças.
Não me joguem em buraco apertado,
Frio e escuro; tenho claustrofobia.
Reduzam-me a pó, cinza...
E joguem-me no ar
Para que cada partícula minha
Vagueie por ai e encontre repouso
Na sombra das flores.
 
 

Na sombra do lírio

Na Sombra do Lírio
 
 
Deitei-me desajeitado na sombra do lírio
Esperando agitado, ansioso, você voltar,
Ardiam-me os olhos ausência do colírio,
E vermelhos, irritados, pareciam chorar.
 
 
Mudei-me para debaixo duma margarida,
Planta mui bela de diferenciado perfume,
E lá esperei com saudade minha querida,
Nada! Dentro de mim surgiu um azedume,
 
 
Não observando me acamei em flor errada,
Era um verde pé de comigo-ninguém-pode,
Insisti, implorei com essa planta difamada:
Posso!?-Não pode!- Preciso!- Mas não pode!
 
 
Quando senti que repousava sob uma rosa,
Senti-me inundado duma paz ante flor bela
Onde em finas pétalas o beija-flor pousa,
E descobri repouso à sombra dos olhos "dela".
 
 
 

Magma

Magma
 
 
 
Acordaram dentro
De mim os vulcões
Adormecidos ao longo
Dos anos; fumegam...
Suas crateras refletem
Meus olhos donde respingam
Lágrimas ígneas.
Queimam meu corpo,
Esquentam meu olhar,
Meu suor se ebului e
Transforma-se em novo suor
Que choverá dentro de mim,
Refrigerando a magma do meu ser.
 

Fragmentos de pedra

Fragmentos de Pedra
 
Somos todos grãos de areia,
Partículas da mesma pedra;
Todos fragmentos da pedra
Partículas da mesma rocha.
 
 
Todos enroscados na mesma teia,
Encurralados na boca da fera,
Pois não temamos a vil fera!
Nem ao vermelho fogo da tocha.
 
 
No nobre ou mais simples cabrocha
Com a dor que no coração acocha,
E nas almas carregadas de crateras,
A força interior na mente impera.
 
 
 
 
 

Feitiço

Feitiço
 
 
 
O amor é um feitiço
Que sai dos olhos de uma bruxa;
O amor é mais que isso,
É um urro que vem dentro da alma.
O amor não é nada disso,
É uma tempestade de sentimento,
Se correspondido, vira chuvisco.
O amor, é a transformação
Do rebelde no submisso.
O amor na verdade é um vício
Que domina o peito
Enchendo-o de viço,
É uma mutação!
Às vezes, responsável e sem compromisso;
Às vezes , irresponsável e carregado de ofício;
De qualquer forma é amor, sentimento elevadiço,
Donde se sente o chão tomar chá de sumisso!

Ponte

Ponte
 
 
 
 
 
Sou ponte de mim mesmo
Fortificada em rios da vida,
Nela, solitário ando a esmo
A juntar cacos d’alma dividida.
 
 
Sou ponte larga de rio ermo
Que solta dor em queda estúpida,
Nela, vou com calma de enfermo
Pisando leve na imagem esculpida.
 
 
Sou ponte que cruza o mar azul,
Resiste às tormentas, e às fúrias,
Se inicia no norte e acaba no sul,
 
 
Quem por ela passa, não vê incúria,
Liga Curitiba, Veneza e Istambul,
Mas por ela também passa a luxúria.
 
 
 
 
 
 
O Médico
 
 
 
 
Ilustres filhos de Hipocátres
Que enobrecem nossa medicina,
Manejam o bisturi... são craques!
Mestres numa luta que não finda.
 
 
Persuasivos como os velhos frades,
Escondidos em roupas brancas e finas
Que denotam uma pureza de madre
Por amor a profissão segue sua sina.
 
 
São tantas as suas especialidades,
São várias áreas que pela vida prima,
Doutores, para a vida nunca é tarde...
 
 
Seres fundamentais, pessoas ladinas,
Deixo aqui nesse papel, sem vaidade,
Esse dizer do que não entendo patavina.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Como o poeta dizia

Como o Poeta Dizia
 
 
No lusco-fusco que embriaga as manhas
Sinto ar morno da vida que o vento exala,
Encho os pulmões, me treme a pele o afã
De mirar teus olhos nús da cor de opala,
 
 
Aqueço-me na noite, negra manta de lã,
As lágrimas são resquícios da chuva clara,
Saem cristalinas dos olhos de nuvens sãs
Para morrer nos lábios da terra que não cala.
 
 
Descubro-me da doce quentura da noite
E sereno, visto a camisa branca do dia,
A língua do homem e afiada como foice
 
 
Que decepa os valores que o sábio guia,
O que separa à noite do dia, é um açoite,
Breve e transparente, como o poeta dizia.
 

Como poeta dizia

O Canto do Urubu
 
 
 
 
O urubu avança sobre a carniça
Onde os restos alimentam o solo,
A tristeza fede,mas não é maciça
E toda alegria é digna dum colo.
 
 
Essas aves irão à minha missa?
Pousarão sobre o teto que moro?
Irmão de vermes que à morte atiça
Tuas vozes uníssonas formam coro,
 
 
Cantem no meu réquiem um samba,
Dançarei alegre ao som do cavaquinho
E quando sentir as pernas bambas...
 
 
Levantarei firme para meu caminho,
Ajeitarei calmo, minha diáfana manta,
Pois não sou comida de passarinho.
 

terça-feira, 3 de abril de 2012

Circo

Circo



Não sou dono de mim
Nem sei onde começa o nada
Muito menos o meio do fim
Só sei que num ciclo tudo se acaba.

Tudo acontece!Começa, meia e termina.
Nasce um flor, uma folha cai...
Como num afago, uma semente germina,
No embalo do vento a folha se vai...

Quem sabe adubar em outras plagas
Uma nova vida que também terá viço!
A desgraça de um prá outro é fanfarra.

E nessa vida somos palhaços do circo
De cara tristonha fazendo a plateia dar risada,
Quando cai a lona, o palhaço sevai, fim do ciclo!

Sumo dos olhos

Sumo dos olhos


Eu não choro
Me exalo na pele
Num alívio do poro
Que ao pelo fere.

Sorrio prá plateia
E miro o chão,
Ali, jaz meu caixão.

Evaporando, trajeto ignoro
E na base da derme, deslizo
Sem saber onde moro.

Atropelo o sorriso
E pela face escorro
Umedecendo o tecido,
Lento pelo corpo escorro.

Materna, a terra me tem no colo,
Num beijo sou absorvido,
Me findo num abraço quente do solo