Como o Poeta Dizia
No lusco-fusco que embriaga as manhas
Sinto ar morno da vida que o vento exala,
Encho os pulmões, me treme a pele o afã
De mirar teus olhos nús da cor de opala,
Aqueço-me na noite, negra manta de lã,
As lágrimas são resquícios da chuva clara,
Saem cristalinas dos olhos de nuvens sãs
Para morrer nos lábios da terra que não cala.
Descubro-me da doce quentura da noite
E sereno, visto a camisa branca do dia,
A língua do homem e afiada como foice
Que decepa os valores que o sábio guia,
O que separa à noite do dia, é um açoite,
Breve e transparente, como o poeta dizia.
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