domingo, 8 de abril de 2012

Despedida

Despedida
 
Não fiquem ao meu redor.
Lágrimas, nem pensar!
Não me coloquem gravata
E muito menos camisa de colarinho apertado.
Toquem minha música preferida e
Podem repeti-la se quiserem.
Não bebam água em meu copo.
Já na minha poltrona podem se
Escarrapacharem, se quiserem.
Não me façam a barba, quero
Ter o queixo enegrecido nesse momento.
Que meus amigos se reunam e tomem
Um "porrete"; se ainda os tiver!
Não cortem minha unha encravada,
Durante anos não me incomodou
E não será agora que irá!
Não ousem tocar meu Rimbaud,
Os demais fiquem à vontade, mas
Mudem as páginas com carinho.
Não me apertem os sapatos, se possível
Nem os coloque.
Nada de crisântemos;
Lírios sim!muitos lírios...
Nem pensem em cortar meus cabelos.
Caso alguém não conseguir ver meu sorriso
E porque não olhou direito.
Enganarão-se os que pensarem
Que meus músculos estarão retesados,
Pois estarei dormindo sono tranquilo,
Velado pelos olhos atentos de Drummond
À direita, e Bandeira à esquerda.
Não me vistam paletó de luxo,
Pois para onde vou tudo é muito simples.
Que os livros de minha pequena biblioteca
Engulam voluptuosamente as traças.
Não me joguem em buraco apertado,
Frio e escuro; tenho claustrofobia.
Reduzam-me a pó, cinza...
E joguem-me no ar
Para que cada partícula minha
Vagueie por ai e encontre repouso
Na sombra das flores.
 
 

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